MPRJ faz buscas na Prefeitura de Paulo de Frontin contra direcionamento de licitações
05/12/2025
(Foto: Reprodução) MPRJ cumpre mandados de busca e apreensão contra a Prefeitura de Engenheiro Paulo de Frontin
Reprodução
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) iniciou nesta sexta-feira (5) a 8ª fase da Operação Rodeio, que investiga fraudes em licitações. Desta vez, promotores cumpriram mandados de busca e apreensão contra a Prefeitura de Engenheiro Paulo de Frontin, no Centro-Sul Fluminense — a sede do Executivo é um dos endereços.
Até a última atualização desta reportagem, a prefeitura não tinha se manifestado.
A ação ocorre após o município não entregar documentos exigidos pelo MP em uma investigação sobre direcionamento de pregões. O RJ2 mostrou o caso em junho. Relembre:
Áudios revelam direcionamento de licitações em Paulo de Frontin
Recusa de informações
Segundo decisão do Tribunal de Justiça, à qual o g1 teve acesso, o MPRJ tenta desde 13 de fevereiro obter a íntegra do Processo Administrativo 3.325/2021, ligado ao Pregão 1/22, que contratou a empresa Utilicar Rent a Car para locação de ônibus — procedimento suspeito de ter sido direcionado.
A prefeitura não respondeu às requisições, mesmo após recebê-las pessoalmente.
De acordo com o documento judicial, a recusa da prefeitura em entregar as informações pode comprometer provas da investigação e até permitir sua destruição. O desembargador Luiz Márcio Victor Alves Pereira autorizou a busca e apreensão dentro da sede principal e anexos do município, com permissão inclusive para arrombamento de cofres, armários e gavetas.
A Justiça também cita que o prefeito José Emmanoel Artemenko, o Maneko, já foi denunciado em outros procedimentos envolvendo supostas fraudes, inclusive com a própria Utilicar — o que reforçaria a necessidade de apreender todo o processo administrativo, seus aditivos e os pagamentos feitos à contratada.
Entenda a investigação
O caso ganhou força após o MPRJ ter acesso a mensagens de WhatsApp que mostram o então subsecretário de Transportes Daniel Caldas combinando com o empresário Arthur Jager, dono da Utilicar, o resultado de licitações no município.
Em uma das conversas, Daniel escreve: “Na licitação, eu quero que você ganhe.” Jager responde: “Quero tudo 😈”.
Outros trechos mostram que “se esconder”, expressão usada por Jager, significava simular cotação apenas com empresas parceiras, manipulando preços para direcionar o resultado.
O empresário chega a apontar exatamente quais e-mails a prefeitura deveria usar para pedir as cotações. O MP identificou vínculos societários e familiares entre essas empresas.
Em outra troca, ao combinar o modelo de um ônibus que seria objeto da concorrência, o subsecretário diz: “Coloquei 2006 pra não ficar nítido o direcionamento.” Jager reage com emojis de aplauso.
Há também deboche com uma empresa que venceu alguns itens, mas nunca recebeu pagamento: “O rapaz da empresa já tá me cobrando quando vai pedir os carros.”
“Eu não vou contratar esses carros não”, responde Daniel, rindo.
Quem foi denunciado
O MPRJ já denunciou 11 pessoas, entre elas:
Arthur Jager, empresário;
Daniel Caldas, subsecretário de Transportes;
Nikolai Artemenko, procurador-geral do município;
Rafaella Couto Ramos, subsecretária de Planejamento e Orçamento;
José Emmanoel Artemenko, prefeito de Paulo de Frontin.
O órgão afirma que o prefeito orientava e decidia o direcionamento de diversas contratações, com intenção de gerar benefícios financeiros e desviar recursos públicos.
Maneko também já teve o mandato cassado pela Justiça Eleitoral em outro caso, por um esquema de funcionários fantasmas usados para captar votos. Ele segue no cargo enquanto recorre.
Operação Rodeio chega à fase 8; prefeitura ignorou pedidos do Ministério Público para entregar processo de contratação da empresa Utilicar.
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) iniciou nesta sexta-feira (5) a 8ª fase da Operação Rodeio, que investiga fraudes em licitações. Desta vez, promotores cumpriram mandados de busca e apreensão contra a Prefeitura de Engenheiro Paulo de Frontin, no Centro-Sul Fluminense.
A ação ocorre após o município não entregar documentos exigidos pelo MP em uma investigação sobre direcionamento de pregões. O RJ2 mostrou o caso em junho.
Segundo decisão do Tribunal de Justiça, à qual o g1 teve acesso, o MPRJ tenta desde 13 de fevereiro obter a íntegra do Processo Administrativo 3.325/2021, ligado ao Pregão 01/2022, que contratou a empresa Utilicar Rent a Car para locação de ônibus — procedimento suspeito de ter sido direcionado.
A prefeitura não respondeu às requisições, mesmo após recebê-las pessoalmente.
De acordo com o documento judicial, a recusa da prefeitura em entregar as informações pode comprometer provas da investigação e até permitir sua destruição. O desembargador Luiz Márcio Victor Alves Pereira autorizou a busca e apreensão dentro da sede principal e anexos do município, com permissão inclusive para arrombamento de cofres, armários e gavetas.
A Justiça também cita que o prefeito José Emmanoel Artemenko, o Maneko, já foi denunciado em outros procedimentos envolvendo supostas fraudes, inclusive com a própria Utilicar — o que reforçaria a necessidade de apreender todo o processo administrativo, seus aditivos e os pagamentos feitos à contratada.
Entenda a investigação
O caso ganhou força após o MPRJ ter acesso a mensagens de WhatsApp que mostram o então subsecretário de Transportes Daniel Caldas combinando com o empresário Arthur Jager, dono da Utilicar, o resultado de licitações no município.
Em uma das conversas, Daniel escreve: “Na licitação, eu quero que você ganhe.” Jager responde: “Quero tudo 😈”.
Outros trechos mostram que “se esconder”, expressão usada por Jager, significava simular cotação apenas com empresas parceiras, manipulando preços para direcionar o resultado.
O empresário chega a apontar exatamente quais e-mails a prefeitura deveria usar para pedir as cotações. O MP identificou vínculos societários e familiares entre essas empresas.
Em outra troca, ao combinar o modelo de um ônibus que seria objeto da concorrência, o subsecretário diz: “Coloquei 2006 pra não ficar nítido o direcionamento.” Jager reage com emojis de aplauso.
Há também deboche com uma empresa que venceu alguns itens, mas nunca recebeu pagamento: “O rapaz da empresa já tá me cobrando quando vai pedir os carros.”
“Eu não vou contratar esses carros não”, responde Daniel, rindo.
Quem foi denunciado
O MPRJ já denunciou 11 pessoas, entre elas:
Arthur Jager, empresário;
Daniel Caldas, subsecretário de Transportes;
Nikolai Artemenko, procurador-geral do município;
Rafaella Couto Ramos, subsecretária de Planejamento e Orçamento;
José Emmanoel Artemenko, prefeito de Paulo de Frontin.
O órgão afirma que o prefeito orientava e decidia o direcionamento de diversas contratações, com intenção de gerar benefícios financeiros e desviar recursos públicos.
Maneko também já teve o mandato cassado pela Justiça Eleitoral em outro caso, por um esquema de funcionários fantasmas usados para captar votos. Ele segue no cargo enquanto recorre.